O CORAÇÃO ONDE NÃO CABIA MAIS AMOR
Era uma vez, um Coração onde não cabia mais Amor.
Era um Coração vermelho brilhante, jovem e saudável.
Mas, onde não cabia mais Amor.
E ele estava triste com isso.
Muitos não sabem, mas o Coração é oco para poder guardar Amor.
O Amor é a substância mais especial, maravilhosa e poderosa no Reino de TUDO O QUE EXISTE.
Amor é o que dá COR à AÇÃO.
Há ações cinzentas, há ações vermelhas e, de todas as cores. Cada qualidade de Amor, cria uma cor.
E quando temos uma ação, misturado nela, vem um tipo de sensação.
Este Coração em especial, sentia falta de brilho na sua vida. Pois, cada vez que tentava guardar novos Amores, não cabiam.
E, ele via outros Corações a guardarem novos Amores: um novo filho, o brilho nos olhos da Amada, um belo momento de Amizade,…
Ele, sempre que sentia um Amor a chegar, era como se já tivesse a partir. E nem ficava para conversar.
Ele bem que se esforçava.
Ele empurrava. Ele esperneava. Ele fazia força. Mas nada.
Quando dava por ele, já o Amor se tinha ido embora.
Começou a reparar que tinha muitas caixas.
Grandes, médias, pequenas. Todas ao monte e, a maior parte, desconhecidas.
Também haviam algumas conhecidas que ocupavam muito espaço. E, as quais, ele nem sequer se lembrava de as ter arrumado. “Porque é que iria guardar caixas bolorentas?”
Começou a pensar que podia usar o espaço destas caixas, para guardar Amor.
E decidiu avançar. Mas as caixas é que não estavam para aí viradas.
“Que sempre estiveram ali”, “Que já foram guardadas assim”, “Que eu precisava delas”, “Que não era uma boa altura para mudanças”, …
E o Coração começou a achar que estava a ser pouco compreensivo com estas caixas.
- Mas, e o Amor? – desabafou o Coração – A forma em que posso ajudar o Humano, é guardar Amor. Nunca me falaram em caixas…
- Eu quero mais Amor – continuou – E, para isso, menos caixas. Mas, onde coloco as caixas?
Sentiu que, primeiro, as devia arrumar. E lá começou.
Ui que trabalhos! Sempre que mexia nelas, eram poeiras, cheiros e sensações feias.
Ele não queria fazer mais, mas sempre que se lembrava do Amor, a alegria voltava.
Decidiu fazer uma pausa. Sentiu que era uma boa altura para uma soneca e assim fzzzzzzzzzzz
Acordou ainda o Sol brilhava e, feliz, lá foi tratar das caixas.
Percebeu que as caixas até eram pequenas, mas estavam cobertas de uma massa viscosa que as faziam ocupar muito mais espaço.
Estas massas pegajosas eram um misto de pó, medo, teias de aranha, tristeza e outras coisas estranhas.
O Coração pegou nuns pós de Amor, dissolveu numas lágrimas e, começou a limpar.
Mas não era fácil. Teve de recomeçar muitas vezes. Teve de esquecer o que a Mente lhe dizia. E, teve de chorar muito, para poder limpar aquelas caixas todas.
E, como a Curiosidade tinha chegado antes da limpeza, ele começou a abrir as caixas que ele não conhecia. As que estavam sempre lá mais ao fundo.
E, eram sempre Amores bonitos. Um sorriso. A luz do Sol entre as flores. Um afeto.
Muitas caixas, este Coração cuidou.
Demorou muito.
Quando digo muito, demorou mesmo muito.
Já vários Sóis tinham passado quando o Coração sentiu-se realizado.
Quando começou a colocar outra vez as caixas, ele percebeu que, facilmente, iriam caber todas.
Não precisava de mandar nenhuma caixa embora. Iria manter todas as caixas, com todos aqueles Amores.
Foi com uma sensação de felicidade e satisfação, que deu por terminada a limpeza.
Afastou-se para apreciar ainda melhor o seu Serviço.
Uau! Tantos Amores bonitos que tinha. E foram tantas as surpresas boas! Até as caixas mais medonhas, tinham Amores tão puros.
- E o espaço que tinha agora, para novos Amores, hein?
Sentiu ir dar uma caminhada, aproveitando assim, o Sol dourado da tarde.
Cruzou-se com um Coração Amigo, que já há muito que não via.
- Olá Coração Amigo! Há quanto tempo? O que contas? Eu venho de umas arrumações fantásticas. Ganhei mais espaço para mais Amor. – disse o Coração.
- É verdade? – disse o Coração Amigo - Maravilhoso! Fizeste muito bem. Também ando para fazer isso mas não sei por onde começar. Queria ter mais espaço, para ter mais Amor – partilhou o Coração Amigo
- Amigo, como já me dediquei muito a isso, posso partilhar contigo a minha experiência.
- A sério?! Isso seria fabuloso. Quando é começamos? – o Coração Amigo disse entusiasmado
Passando-lhe o braço por cima dos ombros, o Coração disse: Já começámos
Comments